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Como incorporar atividades criativas nas aulas de piano?

Olá, pessoal! No post de hoje, vou abordar como incorporar atividades criativas, como improvisação, composição e harmonização nas aulas de piano. É fato que sempre há muito o que cobrir nas aulas e nem sempre conseguimos abordar tudo, mas com poucos minutos, podemos realizar atividades que despertem a criatividade dos alunos e os deixem mais interessados em explorar as diferentes sonoridades do instrumento. Além disso, atividades criativas podem ser um meio para o aluno expressar seus sentimentos, praticar elementos técnicos e musicais, explorar técnicas expandidas (como clusters e glissandos, por exemplo), desenvolver a imaginação e as habilidades de escuta crítica. 

Improvisação:

A improvisação pode ser trabalhada de diversas maneiras na aula e, geralmente, não leva muito tempo. É importante o professor selecionar alguns parâmetros para serem utilizados para que o aluno não fique perdido, sem saber o que tocar. Ele pode delimitar as primeiras e últimas notas, se será em teclas pretas ou brancas, se usará um pentacorde ou uma tríada específica etc. A improvisação pode ser explorada em diferentes atividades, por exemplo:

  • pergunta e resposta: o professor toca uma frase tipo pergunta (que não termina na tônica) e o aluno deve tocar uma frase resposta (que termina na tônica) e vice-versa. Pode-se começar com perguntas e respostas paralelas (que começam iguais e terminam diferentes) e depois passar a frases contrastantes (que são diferentes entre si).
  • variar elementos de uma peça em estudo: criar uma introdução ou um final diferente, subir ou descer uma oitava em um trecho, mudar dinâmicas ou articulações, alterar do modo maior para o menor, alterar ritmos, transpor uma seção,  adicionar ornamentos ou notas de passagem etc.
  • duetos com o professor: o professor pode fornecer uma base harmônica para o aluno improvisar uma melodia. Esses duetos funcionam muito bem nas teclas pretas. O professor pode tocar um padrão repetitivo enquanto o aluno improvisa livremente, ou também podem tocar no estilo pergunta e resposta. Já fiz uma resenha aqui no blog sobre o livro Create First, que é perfeito para esse propósito. Quando estiver mais confortável, o aluno pode experimental tocar o acompanhamento na mão esquerda e a improvisação na direita.
  • repertório com seção improvisada: algumas peças, principalmente as ensinadas por imitação, oferecem momentos onde o aluno pode improvisar livremente e depois retornar à melodia principal. Alguns deles são: Divertimentos (Laura Longo), Piano Pérolas e Bichos da Terra, da Água e do Ar (Carla Reis e Liliana Botelho), Little Gems for Piano (Paula Dreyer), Piano Safari Pattern Pieces (Katherine Fisher e Julie Knerr)
  • blues: o professor pode ensinar a sequência de acordes ( o aluno pode primeiramente tocar só os baixos) e a escala do blues e incentivar o aluno a criar melodias. Aluno e professor podem também dividir os papéis de melodia e acompanhamento. O aluno pode criar apenas um ou dois fragmentos melódicos e transpor para encaixar nos diferentes acordes.

Composição:

A composição se assemelha à improvisação e pode ser uma etapa que sucede a ela, incorporando a notação musical. Um material que pode auxiliar no planejamento de atividades de composição é o Piano Teacher’s Guide to Creative Composition, que já tem uma resenha aqui no blog. Você pode utilizar a composição como um projeto para o semestre, utilizando poucos minutos das aulas, durante várias semanas. Você pode começar pedindo para o aluno escolher um tema e um título para sua peça. Depois, em casa, ele pode desenvolver uma pequena história com começo, meio e fim, que será a base para a composição. A partir daí, vocês podem delimitar as seções da peça, escolher a tonalidade e iniciar o processo de experimentação e composição. Algumas outras maneiras de incorporar a composição são:

  • colocar uma melodia em um texto
  • utilizar o ritmo de uma peça existente e criar outra melodia
  • adicionar ritmo e compasso a uma sequência de notas
  • criar variações para um pequeno tema

Harmonização:

Criar diferentes acompanhamentos para melodias também é uma maneira de explorar a criatividade. O professor pode começar selecionando melodias simples, como canções folclóricas, que utilizem apenas tônica e dominante e depois também a subdominante antes de passar a outros acordes. A harmonização pode ser feita através da análise da melodia, da experimentação auditiva ou através da leitura de cifras. O aluno pode começar tocando apenas os baixos, depois quintas, até consegui incluir todo o acordes. A partir daí, é possível experimentar com diversos acompanhamentos, como valsa, arpejos, e baixo d’ Alberti, por exemplo. Depois, o aluno pode também experimentar improvisar a melodia, adicionando notas de passagem, por exemplo. Alunos mais avançados podem criar seus próprios arranjos.

Você explora a criatividade dos seus alunos? O que achou das dicas? Por hoje, fico por aqui. Até mais!

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