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Quando considerar uma peça “pronta” ?

Quando uma peça está boa o suficiente para ser considerada “pronta” ? Essa é uma dúvida constante dos professores, afinal, sempre há algo a mais para melhorar. No entanto, é preciso equilibrar o nível de perfeccionismo com a necessidade de mover adiante e aprender novas peças. Se todas as peças precisarem estar “perfeitas” para que o aluno possa seguir em frente, o desenvolvimento da leitura, da técnica e da musicalidade podem ser prejudicados, assim como a motivação do aluno pode diminuir. No entanto, se os alunos passarem muito rapidamente pelas peças, sem polimento, eles nunca irão atingir o refinamento necessário para uma boa performance, e os elementos praticados ficarão inseguros, resultando em um aprendizado superficial. Então quando considerar uma peça “pronta” ?

Primeiramente, é preciso saber quais objetivos pedagógicos você pretende atingir com a peça: qual(is) habilidade(s) você espera que o aluno desenvolva? Quais são as prioridades de aprendizado? Assim, você consegue ter uma melhor visão de quando pode considerar a peça “pronta,” mesmo que não esteja perfeita. Além disso, é importante que o aluno atinja um certo grau de fluência com a peça: o aluno consegue tocar sem parar? Toca a maioria dos ritmo e notas corretamente? Compreende e executa as dinâmicas necessárias? Resolveu a maioria dos problemas técnicos? Consegue tocar com o acompanhamento ou dueto (no caso de peças de métodos de iniciação)? Atingiu o objetivo principal da peça? Dessa forma, você consegue medir se o aluno está pronto para passar essa peça e seguir para o próximo desafio. O ideal é que o aluno consiga aprender um grande número de peças e que vocês escolham algumas para atingirem um maior nível de polimento, para que possam ser apresentadas em recitais, concursos e master classes, por exemplo. Mas esse nível maior de exigência não precisa ser aplicado a todas as peças estudadas, para que o aluno consiga continuar ampliando o repertório e se desenvolvendo sem ficar sobrecarregado com um grande número de obras para polir. 

Mas e se o aluno estiver estagnado? Se o aluno já extrapolou o tempo que você esperava que a peça levaria para ficar pronta, mas não consegue sair do lugar, se você repete as mesmas orientações todas as aulas, semana após semana, mas o aluno não progride (ou até mesmo regride), talvez seja a hora de deixar essa obra de lado… Isso pode ter ocorrido por falta de gosto ou interesse do aluno pela peça ou até porque essa obra estava difícil demais para ele no momento. Dessa forma, você pode deixá-la de lado e selecionar outra peça para trabalhar as mesmas habilidades, mas que agrade mais o aluno e que ele se sinta mais motivado a praticar. Ou, antes de “abandoná-la,” você pode propor que ele apronte uma parte ou elemento dela (a habilidade que você tinha como primordial para ela).

Uma outra atividade que gosto de realizar para que os alunos continuem polindo as peças ao mesmo tempo em que aprendem um novo repertório é colocar peças no “forninho.”  À medida que as peças vão ficando prontas, elas entram para o “forninho,” o que significa que os alunos devem continuar aprimorando-as, mas que eu não as ouvirei toda semana. Nesse ponto, eles já sabem o que precisam melhorar e como praticar e não precisam gastam tanto tempo da sua prática semanal nelas. Na última aula do mês, tocamos todas as peças do forninho e escolhemos a(s) favorita(s) para continuarem para o próximo mês. Assim, eles continuam refinando as peças e mantém um repertório nos dedos ao mesmo tempo em que aprendem novas obras, sem serem sobrecarregados. Esse esquema tem funcionado muito bem. As peças apresentam evolução e como a escolha das favoritas fica a cargo dos alunos, eles ficam mais motivados a continuarem praticando. Além disso, muitas vezes, eles percebem quais músicas ainda precisam de polimento e optam por mantê-las no “forninho” por mais tempo. 

E você, quando considera que uma peça está “pronta” ? Deixe nos comentários! Por hoje, fico por aqui, até mais!

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