Explorar a criatividade musical é uma atividade muito importante nas aulas de música, principalmente no início do aprendizado. Ela ajuda a deixar os alunos mais familiarizados com o teclado e com as possibilidades sonoras do instrumento. Ela pode ser incentivada através de atividades que envolvam movimento corporal, vocalização, composição, improvisação, entre outras. No post de hoje, trago seis dicas para trabalhar a improvisação com os alunos iniciantes. Eu sei que, às vezes, muitos professores se sentem inseguros de praticar a improvisação com os alunos, por não terem tido essa vivência na sua formação. No entanto, com essas dicas, vocês conseguirão incentivar a criatividade dos alunos de maneira simples e prática.
- Criando uma melodia a partir de um padrão rítmico pré-estabelecido: você pode utilizar o ritmo de uma peça que o aluno está estudando, ou criar um padrão simples para ser utilizado na atividade. Eu gosto de utilizar as teclas pretas, pois, geralmente, facilitam a criação de melodias que soam bem sem muito esforço. Você pode também delimitar algumas notas para o aluno utilizar, ou apenas as notas iniciais e finais.
- Criando um ritmo novo para notas de uma melodia existente: você pode estimular seu aluno a utilizar as notas da peça que está estudando para variar o ritmo. Ele pode também variar a oitava, as dinâmicas e a articulação, e, assim, criar uma nova peça! Alunos mais avançados podem também incluir notas repetidas ou de passagem para ornamentar a melodia.
- Criar perguntas e respostas: uma outra forma divertida de trabalhar a improvisação é criando perguntas e respostas paralelas e contrastantes. Isso pode ser feito ao piano ou utilizando xilofones. O professor cria uma pergunta, geralmente terminando na dominante, e o aluno responde terminando na tônica. Na resposta paralela, a frase deve começar igual à pergunta, e, na contrastante, deve ser diferente. É importante que pergunta e resposta estejam na mesma “língua,” ou seja, que tenham características parecidas (mesma escala, andamento, número de compassos….). Depois, aluno e professor podem trocar de papel. Essa atividade também é ótima para trabalhar o reconhecimento de frases e motivos melódicos.
- Criar trilhas sonoras: essa atividade é ótima para explorar efeitos sonoros ao piano: Pode-se utilizar pedal, clusters, glissando, sons curtos e longos, fortes e pianos, graves e agudos etc. para criar diferentes efeitos sonoros. Você e o aluno podem imitar a chuva, uma buzina, borbulhas na água, vento, trovão, espinhos, ondas, o rugido de um leão, etc. É só usar a criatividade e explorar as possibilidades do instrumento! O professor pode levar uma história pronta e criar a trilha com o aluno, ou podem partir dos sons explorados e criar uma história a partir deles.
- Improvisação sobre um acompanhamento: novamente, gosto de fazer esta atividade nas teclas pretas. O professor pode criar uma sequência de acordes (por exemplo, I-V-vi-IV em sol-bemol maior) sobre a qual o aluno criará melodias. Para que o estudante não fique sobrecarregado e sem saber quais notas utilizar, você pode restringir um pouco as possibilidades, como, por exemplo: escolher apenas um grupo de notas a ser utilizado, tocar com apenas uma mão, utilizar apenas um ritmo simples de semínimas, tocar apenas notas desconectadas etc. Esses parâmetros podem ser adaptados de acordo com o nível, desenvoltura e facilidade do aluno. Para esta atividade, eu utilizo o livro Create First de Forrest Kinney. Ele traz diversas sugestões de improvisações com acompanhamentos simples para serem executados pelo professor. Você pode saber mais sobre esse material neste post: https://pianolandia.com.br/material-para-improvisacao-create-first/ .
- Utilizar uma música aprendida por imitação como base de improvisação: gosto de utilizar peças aprendidas por imitação para explorar a criatividade dos alunos. Assim, eles não se preocupam em focar em uma partitura escrita e se sentem mais livres para criar. Novamente, dou preferência a peças nas teclas pretas para essa atividade. Algumas maneiras de utilizar as peças são: tocar a parte A, improvisar a parte B, e retornar à parte A; em peças que possuem um acompanhamento (de preferência um ostinato ou notas longas) é possível manter a mão esquerda e improvisar a direita; criar uma introdução ou uma coda para a peça. Eu utilizo bastante as peças dos livros Piano Pérolas (Carla Reis e Liliana Botelho), Divertimentos (Laura Longo) e Little Gems for Piano (Paula Dreyer).
Essas são dicas simples, mas eficazes, para trabalhar a improvisação desde as primeiras aulas, e, assim, estimular a criatividade dos alunos, essencial à expressividade musical.Ao mesmo tempo, a improvisação pode ajudar a reforçar aspectos musicais já estudados, explorar elementos que serão apresentados em breve, e estimular o desenvolvimento auditivo e a musicalidade. Com poucos minutos, é possível realizar uma atividade leve, divertida e muito importante para o desenvolvimento musical. Por hoje, fico por aqui. Até breve!