11 passos para ensinar uma música nova de maneira eficiente

Olá, pessoal! No post de hoje, vamos falar sobre como introduzir uma peça nova para um aluno e prepará-lo para o sucesso. A primeira aula de uma música nova é muito importante. Mal-entendidos nesse primeiro momento podem prejudicar o aprendizado da obra a longo prazo. Por outro lado, uma boa aula inicial vai preparar o aluno para praticar corretamente em casa e acelerar o aprendizado. 

Antes de apresentar uma nova peça para o aluno é importante que ele esteja preparado para ela. Ou seja, já tenha tido um contado inicial com habilidades/conceitos novos que serão trabalhados (como figuras rítmicas utilizadas, acidentes, escalas, acordes, ou até um trecho difícil tecnicamente etc). Isso pode ser feito com algumas aulas de antecedência através de pequenos exercícios. Assim, ele não precisará assimilar diversas novas informações de uma vez e ainda ler a música corretamente. 

Eu gosto de seguir uma ordem, quase uma rotina, para apresentar a peça nova ao aluno, assim, ele sabe o que esperar da aula, além de segurar a ansiedade dos alunos que gostam de sair tocando sem antes prestar atenção aos detalhes da partitura. Além disso, seguir uma sequência ajuda a preparar o aluno para praticar em casa observando todos os detalhes que foram trabalhados em aula. Vamos ver a seguir uma sugestão de plano para ser utilizado nessas aulas de apresentação de repertório novo. Cada passo deve ser seguido de modo que o aluno faça as descobertas, o professor é apenas um guia.

1) Tocar, demonstrar, a peça para o aluno: esse passo é importante para o aluno se familiarizar com a sonoridade da peça. Você pode fazer perguntas, tais como: o que você sente ao ouvir essa peça (alegre, triste, calmo, agitado…)? Você acha que essa música está em tonalidade maior ou menor? Quantas seções você ouviu? Ela é rápida ou lenta? Quais articulações foram utilizadas? Etc. No entanto, quando o aluno tende a aprender a música de ouvido, tocar antes pode acabar prejudicando sua leitura. Sendo assim, eu, às vezes, deixo para tocar e demonstrar a peça depois que ele já fez uma leitura preliminar. Nessa etapa, também aproveito para contextualizar a peça e falar um pouco sobre o compositor.

2) Identificar o andamento: identifique, junto com o aluno, o andamento e traduza o termo, caso ele não saiba seu significado. Vocês podem lembrar outras peças que o aluno já tocou com esse andamento. 

3) Identificar a tonalidade: identificamos se há acidentes e qual a tonalidade da peça. Aqui, você pode aproveitar para pedir para o aluno tocar a escala/pentacorde da tonalidade da peça para ativar o ouvido e prepará-lo para a leitura. 

4) Identificar o compasso: aqui, o aluno deve identificar a fórmula de compasso e anotar a contagem para alguns compassos. Você pode optar por já abordar alguns aspectos rítmicos aqui, ou deixar para depois de terminar essa análise prévia da partitura. 

5) Identificar a forma: O próximo passo é identificar partes que se repetem, partes semelhantes e partes cotrastantes. Mesmo que o aluno ainda não saiba os nomes das formas musicais, ele já pode, desde as primeiras aulas, identificar seções que se repetem ou não. Vocês podem também identificar temas importantes, frases pergunta/resposta etc.

6) Identificar intervalos/acordes/escalas: aqui, você pode aproveitar para pedir para o aluno identificar elementos que ele esteja estudando e que o ajudarão na leitura da partiura. Por exemplo: você pode encontrar e marcar para mim cinco intervalos de terça? Aonde temos um acorde de dó maior? Ache para mim uma escala ascendente…Etc. Gosto de usar cores para marcar esses elementos. 

7) Identificar dinâmicas: gosto de pedir que os alunos marquem as dinâmicas utilizando marca-textos coloridos. Assim, eles se lembram de observá-las desde o início.

8) Articulações: peço que o aluno identifique as articulações utilizadas e aproveitamos para treiná-las isoladamente em alguns trechos.

9) Bater o ritmo: Se a peça for curta, podem bater o ritmo da peça toda. Pode-se também escolher os trechos ritmicamente mais complicados para serem estudados nessa parte. Sugiro pedir para o aluno anotar a contagem nesses trechos e contar em voz alta enquanto executa o ritmo.

10) Identificar as notas e dedos iniciais:  O aluno deve identificar as primeiras notas e dedilhado para identificar a posição da mão. Se é uma peça baseada em posições fixas de pentacordes, como é o caso de muitas obras iniciantes, identificamos também se há mudança de posição (para outro pentacorde ou de oitava, por exemplo). É interessante utilizar cores ou algum símbolo que chame a atenção para sinalizar essas mudanças e recomendo que deixe o aluno fazer as anotações. Se for um aluno que ainda está no início da leitura musical, continuamos esse passo fazendo a leitura em voz alta de todas as notas, ou do contorno melódico (sobe, desce, igual, pula…)

11) Fazer a leitura: finalmente, depois de destrinchar todos os elementos importantes, é hora de por a mão na massa e fazer a leitura tocando. É importante salientar que nem sempre devemos começar pelo início. Comece pelo trecho mais difícil, assim, o aluno poderá tirar as dúvidas e vocês podem trabalhar bem esses desafios em aula. Dessa forma, ele estará mais preparado para praticar em casa, dando prioridade aos trechos mais difícieis. É interessante ler de mãos separadas primeiro (a não ser que a peça seja bem iniciante e não tenha melodia+acompanhamento) para depois juntar. Isso evitará erros e deixará a leitura mais fluida, dando mais segurança ao aluno. Nesta etapa de leitura, você pode também pedir que o aluno toque e diga os nomes das notas em voz alta, ou toque e conte em voz alta, para incentivar o uso de estratégias de estudo. Para um aluno bem iniciante, ele pode, primeiro, “tocar” a peça na tampa do piano dizendo os números dos dedos ou nomes das notas, antes de efetivamente tocá-las.

Parece que esse é um plano que dá muito trabalho e gasta muito tempo. Mas, na verdade, cada etapa é breve e, quando você e seu aluno estão acostumados, ele é feito de maneira dinâmica e fluida. É importante orientar o aluno para seguir esse plano na hora de praticar em casa, depois dessa aula de apresentação. Assim (esperamos), ele vai observar os detalhes e evitará erros de leitura. Além disso, esse passo a passo prepara o aluno para ter autonomia da hora de aprender um repertório novo por conta própria e para solucionar as dificuldades que possam aparecer na hora do estudo em casa. É muito importante que o aluno saia da aula com um bom entendimento da peça, principalmente dos trechos mais complicados, e com as estratégias de estudo necessárias para praticar em casa.

Até mais!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *