Estágios da Aprendizagem Natural – Parte 1

Olá pessoal! Hoje vou falar dos estágios de aprendizado natural das crianças e qual o papel dos professores em cada um deles. Vou, mais uma vez, basear-me em artigos de Richard Chronister. Hoje, vou abranger dois estágios e semana que vem mais dois, para não ficar uma leitura muito longa para vocês!

O conceito de Aprendizagem Natural é um ramo de filosofias e práticas educacionais centradas em permitir que as crianças aprendam através de suas experiências de vida naturais. Esse sistema encoraja as crianças a explorarem atividades lideradas por elas mesmas, e os adultos são facilitadores dessas situações. Uma das premissas desse ramo é que a curiosidade é inata nas crianças e que elas querem aprender. A função dos professores é criar situações onde a criança aprenda o que eles querem que ela aprenda. Eles não podem fazer o aprendizado acontecer, podem apenas permitir que ele aconteça: o aluno ensina a si mesmo.

Estágio 1 – Preparação: Nesse estágio, o novo aprendizado dever ser incorporado de maneira natural e sensata no ambiente da criança. Repetir coisas sem sentido não gera aprendizado. Não há uma duração estabelecida para a criança permanecer nesse estágio, ele dura até que haja o entendimento completo. É importante também que nesse estágio não haja cobrança para que a criança memorize e se lembre de algo para evitar que ela sinta medo de esquecer o que está aprendendo. Chronister afirma que “durante o estágio de preparação do aprendizado, o professor guia o uso do novo material pelo aluno e não está preocupado se o aluno lembrará ou não esse novo material na aula seguinte. Isso significa, é claro, que esse novo material não pode aparecer em peças para o aluno estudar em casa” ( p. 35). No entanto, o professor pode desenvolver pequenos exercícios, de um ou dois compassos por exemplo, para que o aluno pratique em casa. Nesse estágio, o professor deve ensinar, e não testar o conhecimento. Um dos princípios utilizados nessa etapa é o de “som antes da notação.” Por exemplo: o professor apresenta um novo conceito ao aluno através dos sons, o aluno experimenta esse conceito em uma atividade por imitação, por exemplo, e posteriormente ele é apresentado aos símbolos. O professor demonstra o novo material (por exemplo, uma nova célula rítmica), e executa o novo material juntamente com o aluno através de passos de estudo sistemáticos e detalhados (como: apontar para as figuras rítmicas e contar lentamente, apontar e contar rapidamente, bater o ritmo e contar lentamente e rapidamente, e bater o ritmo sem contar). Essas etapas devem ser incluídas nos pequenos exercícios que o aluno praticará em casa. O aluno não deve executar os exercícios por si só até que o professor tenha certeza de que ele possa executá-los corretamente sozinho. Essas experiências corretas é que ensinam os novos conceitos aos alunos. O professor deve guiar o aluno a descobrir os novos elementos e o aluno deve participar ativamente do aprendizado.


Estágio 2 – Apresentação: Nesse estágio, o aluno é capaz de utilizar o novo material sem a ajuda do professor. O professor deve criar situações para que o aluno faça a atividade corretamente sem seu auxílio. Essa etapa dura diversas aulas para que o aluno experimente o novo conceito em diversos contextos e cada vez de forma mais independente. Agora, o novo elemento já pode aparecer em peças para o aluno praticar em casa. É importante que o novo elemento seja a única novidade na peça e os outros conceitos apresentados já estejam bem sólidos, para que o aluno foque apenas no novo material e o resto seja de execução e compreensão imediata. Além disso, ele deve realizar a tarefa sozinho, sem nenhuma ajuda do professor. O aluno deve ser capaz de identificar o novo conceito na peça, mas não necessariamente nomeá-lo. O professor deve nomear o elemento e aluno deve identificá-lo. O professor pode anotar na peça quais são os novos elementos e incluir etapas de estudo detalhadas para o aluno praticá-los. Pode também incluir dicas na primeira peça para que o aluno identifique o novo elemento e se certifique de sua resposta (por exemplo, como encontrar uma nota na pauta, como contar uma célula rítmica, o significado de um termo, quantas vezes o elemento aparece na peça, pequenos exemplos, etc) . Em peças subsequentes, o professor pode eliminar as dicas e incluir apenas uma lista de novos elementos (quais novas notas ou ritmos são apresentados, por exemplo) para que o aluno identifique. Posteriormente, o professor pode desenvolver uma atividade de composição na qual o aluno usará o novo conceito.


Conhecer esses estágios ajuda no planejamento das aulas e a escolher atividades apropriadas para a etapa de aprendizado que o aluno se encontra e que irão colaborar para um aprendizado sólido.


Por enquanto é só, semana que vem volto com os últimos dois estágios! Até breve!
Baseado em Chronister, R. “Stages of Learning,” em A Piano Teacher’s Legacy, edited by Edwards Darling, 29-46. Kingston: The Francis Clark Center for Keyboard Pedagogy, 2015.

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