Olá, pessoal! Você sabe a diferença entre uma edição facsimile, crítica, Urtext ou de performance? E como escolher a mais apropriada para seus alunos? Hoje vou falar sobre as diferenças entre elas para te ajudar a escolher a que melhor lhe atenderá.
Facsimile: é uma representação fotográfica do manuscrito de um compositor, uma cópia da época, ou da primeira edição publicada. São mais fáceis de acessar que os originais (no IMSLP tem vários) e podem ser boas fontes de estudo para trabalhos historiográficos. Mas podem ser muito difíceis de ler, pois são escritos à mão ou já estão deteriorados.
Edições Acadêmicas ou Críticas: são edições embasadas em muita pesquisa. Contém introdução, notas de rodapé, textos explicando as fontes utilizadas para criar a edição e as decisões editoriais que precisaram ser tomadas, além de outros comentários críticos. Os editores são especialistas na área. Um exemplo são as Coletâneas das obras completas de determinado compositor. Elas incluem apenas o que o compositor notou ou o que o os editores julgaram que ele pretendeu notar na partitura. São ótimas fontes para chegar mais próximo às intenções originais do compositor e podem ser base de comparação para outras edições. Geralmente, estão disponíveis em bibliotecas por serem muito caras.
Edições Urtext: uma edição urtext é uma edição crítica. Ela procura refletir as intenções finais do compositor. Os editores buscam garantir que a edição seja livre de mudanças e distorções feitas por copistas e editores em edições passadas. Em algumas situações, a edição urtext equivale a um facsimile, mas com a notação moderna e mais fácil de ler. Nesse caso, é preciso ter bastante cuidado quanto à qualidade da fonte utilizada. Ela inclui comentários críticos, explicações sobre as fontes e sobre as decisões editoriais. São ótimas opções para pianistas avançados, que já tem um bom conhecimento estilístico e são capazes de tomar decisões de performance com embasamento. Alguns exemplos são edições da Henle, Wiener, Bärenreiter, PWM
Edições de Performance: é uma edição preparada para ser utilizada durante o estudo e a performance. Algumas são feitas por músicos famosos, cujas sugestões tendem a ser valorizadas. Incluem dedilhados, sugestões de fraseado, articulação, dinâmicas, pedal, andamento etc. Algumas podem ser feitas por pedagogos renomados, sendo voltadas para os estudantes. Geralmente, não trazem comentários críticos nem razões para as adições e edições feitas pelo editor. Algumas, trazem uma diferenciação na forma como as adições são colocadas na partitura (entre parênteses ou em itálico, por exemplo). É preciso ter cuidado com essas edições, pois pode ser muito difícil reconhecer o que é original e o que foi alterado. É importante escolher uma edição feita por um editor confiável e que traga informações sobre as adições/alterações para facilitar as escolhas interpretativas. Dados esses cuidados, são boas edições para estudantes, por serem mais acessíveis. Mas, muitas vezes, os professores/alunos não sabem que essas edições contém alterações e acabam aceitando as mudanças/sugestões indiscriminadamente, sem um julgamento crítico, e nem sempre optam pela melhor forma de interpretação. É interessante comparar essas edições com outras urtext, por exemplo, para não ficar dúvida quanto ao que foi escrito pelo compositor ou não. Alguns exemplo de edições de performance: Schirmer Performance Editions, edições de Chopin feitas for Alfred Cortot, edições das sonatas de Beethoven feitas foi Artur Schnabel.
Você conhecia todos os tipos de edição? Qual a que você mais usa. É preciso saber escolher uma boa edição tanto para os alunos, quanto para a performance, para fazermos escolhas mais acertadas na nossa interpretação.